Drones ucranianos percorrem mais de 4 mil km e destroem bombardeiros estratégicos em território russo

A Ucrânia executou uma das operações militares mais audaciosas desde o início da guerra, atacando simultaneamente cinco bases aéreas russas espalhadas por uma área que vai do Ártico à Sibéria profunda. A chamada “Operação Teia de Aranha” levou um ano, seis meses e nove dias para ser planejada e mudou as regras do conflito.

Os ataques atingiram alvos a mais de 4 mil quilômetros da fronteira ucraniana, destruindo bombardeiros estratégicos capazes de carregar mísseis nucleares. Do lado russo, o ataque foi comparado ao Pearl Harbor japonês de 1941.

Como a operação foi executada

O planejamento da missão ficou sob responsabilidade do tenente-general Vasyl Maliuk, chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia, com supervisão direta do presidente Volodymyr Zelensky. Durante 18 meses, equipes ucranianas estudaram cada detalhe das bases russas e estabeleceram uma rede de operações dentro do território inimigo.

A estratégia foi simples, mas genial. Os ucranianos esconderam 117 drones dentro de estruturas que pareciam chalés de madeira pré-fabricados, montados sobre caminhões comerciais comuns. Estes “cavalos de Troia modernos” circularam livremente pelas estradas russas, passaram por postos de controle e se posicionaram próximo às bases militares sem despertar suspeitas.

Cada drone tinha seu próprio piloto humano para controle remoto. Relatórios indicam que os equipamentos foram treinados com inteligência artificial para reconhecer especificamente aeronaves da era soviética, usando como referência modelos expostos em museus ucranianos.

No momento planejado, os compartimentos dos caminhões se abriram remotamente e os drones decolaram simultaneamente em cinco regiões diferentes da Rússia, coordenando ataques em fusos horários distintos contra alvos separados por milhares de quilômetros.

Alvos estratégicos

Os ucranianos miraram no coração da força aérea estratégica russa. Entre os alvos estavam:

Bombardeiros Tu-95 “Bear”: Aeronaves intercontinentais capazes de carregar mísseis de cruzeiro nucleares.

Tu-22M3 “Backfire”: Bombardeiros supersônicos usados intensivamente pela Rússia para atacar cidades ucranianas.

A-50 “Mainstay”: O alvo mais valioso. São aviões de controle e alerta antecipado equivalentes aos AWACS americanos. A Rússia possui menos de dez dessas aeronaves em operação.

O que torna os ataques devastadores é que essas aeronaves são insubstituíveis. A maioria foi construída na era soviética, suas linhas de produção foram fechadas há décadas, e as sanções internacionais limitam o acesso russo a componentes avançados.

Resultados dos ataques

A base aérea de Belaya, na Sibéria, foi atingida a mais de 4.300 quilômetros da fronteira ucraniana – a primeira vez que a Ucrânia conseguiu atacar a Sibéria. Análises de satélite confirmaram danos a pelo menos sete aeronaves.

Na base de Olenya, no Ártico russo, cinco aeronaves foram danificadas, incluindo quatro bombardeiros Tu-95. A base havia sido escolhida pelos russos por estar supostamente fora do alcance ucraniano.

Outras três bases também foram atacadas: Dyagilevo (região de Ryazan), Ivanovo Severny e Ukrainka (extremo oriente russo), sendo que apenas o último ataque falhou quando o caminhão explodiu antes de chegar ao alvo.

Impacto econômico e militar

Os números variam conforme a fonte. A Ucrânia afirma ter danificado mais de 40 aeronaves, causando prejuízos de aproximadamente US$ 7 bilhões. A Rússia admite apenas incêndios rapidamente controlados. Análises independentes confirmaram danos a pelo menos 13 aeronaves.

Os 117 drones usados custaram menos de US$ 100 mil no total. Mesmo considerando números conservadores, representa um retorno extraordinário sobre o investimento.

Contexto das negociações

A operação aconteceu exatamente um dia antes de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia em Istambul, na Turquia. Foi uma demonstração calculada de força, mostrando que a Ucrânia não negociava de uma posição de fraqueza.

Durante as conversas, o presidente turco Erdogan destacou que o simples fato das negociações terem ocorrido após os ataques já era uma conquista. As delegações acordaram trocas de prisioneiros, mas nenhum cessar-fogo foi estabelecido.

Escalada do conflito

A operação fez parte de um fim de semana de escalada brutal. Quase simultaneamente, a Rússia lançou uma das maiores ofensivas aéreas da guerra: 472 drones e sete mísseis balísticos contra território ucraniano.

Além disso, pontes estratégicas nas regiões russas de Bryansk e Kursk colapsaram, causando descarrilamentos. Em Bryansk, sete pessoas morreram quando uma ponte desabou sobre um trem de passageiros, ferindo mais de 100 pessoas.

Consequências estratégicas

O impacto psicológico na Rússia foi imenso. Blogueiros militares russos descreveram o ataque como “um dia sombrio para a força aérea russa”. A operação expôs vulnerabilidades fundamentais no sistema de defesa russo.

A Rússia agora enfrenta um dilema: para proteger adequadamente suas instalações espalhadas pelo maior país do mundo, precisará desviar recursos massivos da linha de frente na Ucrânia.

Independência operacional

A sofisticação da operação surpreendeu até os aliados ucranianos. Fontes americanas revelaram que os Estados Unidos não foram informados previamente, apesar da estreita cooperação de inteligência. Um oficial do Pentágono descreveu a operação como demonstrando “um nível de sofisticação que os EUA não haviam visto antes” por parte da Ucrânia.

Todos os agentes ucranianos envolvidos foram extraídos com segurança, segundo autoridades de Kiev, indicando a existência de redes de apoio sofisticadas operando dentro da Rússia.

Peter Dickinson, especialista do Atlantic Council, avaliou: “A maior implicação é que a Ucrânia demonstrou capacidade de organizar ataques complexos dentro da Rússia. Agora, os russos terão que tomar precauções sérias por todo o país”.

A Operação Teia de Aranha provou que a guerra na Ucrânia se tornou um laboratório de inovação militar, onde a capacidade de planejar e criar soluções pode ser mais poderosa que os equipamentos mais caros.