As relações entre Rússia e Irã, que vinham se fortalecendo desde o início da guerra na Ucrânia, enfrentaram um obstáculo inesperado. A Rússia recuou em declarações anteriores, sugerindo que um importante acordo com o Irã havia sido suspenso devido a problemas com Teerã.
Desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o Irã tem fornecido equipamentos militares para a Rússia, incluindo drones Shahed, utilizados em ataques contra infraestruturas civis ucranianas. Em setembro daquele ano, durante uma reunião entre o presidente Vladimir Putin e o então presidente iraniano Ebrahim Raisi, foi anunciado o trabalho em um novo tratado entre Moscou e Teerã.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia havia afirmado em janeiro que o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente estava em suas etapas finais de negociação e seria assinado por Putin e Raisi. No entanto, após a morte de Raisi e outros oficiais em um acidente de helicóptero em maio, parece que o acordo foi adiado.
Zamir Kabulov, diretor do Departamento Asiático do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse à agência de notícias estatal RIA Novosti que o acordo foi suspenso devido a problemas com os parceiros iranianos. “O processo, claro, foi suspenso devido a problemas com os parceiros iranianos”, afirmou Kabulov, embora tenha acrescentado: “Não tenho dúvidas de que será concluído.”
O embaixador do Irã em Moscou, Kazem Jalali, disse à agência de notícias Vedomosti que o acordo estaria pronto após as eleições presidenciais de 28 de junho para o sucessor de Raisi. “Este acordo está em suas etapas finais, e se não fosse pelo incidente aéreo envolvendo o helicóptero que transportava o falecido presidente iraniano, este acordo já poderia ter sido assinado”, afirmou Jalali, segundo a agência de notícias estatal IRNA.
Enquanto isso, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na terça-feira que o trabalho no acordo continua, embora as eleições presidenciais em Teerã tenham feito com que o cronograma “deslizasse um pouco”, conforme relatado pela Tass, mas que isso “não muda o panorama”.
O Irã é um aliado-chave da Rússia, e os laços militares e econômicos entre os países se aprofundaram, causando preocupação aos Estados Unidos e Israel. No entanto, Hamidreza Azizi, pesquisador do think tank alemão SWP Berlin, disse ao jornal Newsweek no mês passado que a morte de Raisi não significava uma mudança substancial na direção estratégica da política externa do Irã, como seu programa nuclear e a confrontação com Israel sobre a guerra em Gaza. No entanto, ele afirmou que a diplomacia de Teerã “poderia ser impactada até que o novo presidente seja eleito e o gabinete estabelecido.”
