Em um desenvolvimento significativo na crise do Oriente Médio, o grupo militante Hamas aceitou uma resolução de cessar-fogo proposta pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. A decisão foi confirmada por um alto funcionário do Hamas à agência de notícias Reuters, sinalizando uma possível abertura para negociações que podem aliviar o conflito na região.

A resolução, adotada na segunda-feira, prevê a retirada das tropas israelenses e uma troca de reféns por detidos mantidos por Israel. O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está no Oriente Médio promovendo um acordo de cessar-fogo, descreveu a declaração do Hamas como “um sinal esperançoso”.

O Contexto

O Conselho de Segurança da ONU pediu ao Hamas que concordasse com uma proposta de cessar-fogo em três fases, conforme relatado pelo The Guardian. A resolução, redigida pelos EUA, foi aprovada em meio a uma intensa campanha diplomática liderada por Washington para persuadir o Hamas a aceitar o acordo.

Este avanço ocorre após uma operação de resgate israelense em Gaza, no sábado, 8 de junho, que resultou na morte de dezenas de crianças e civis palestinos. Durante a operação, Israel resgatou quatro reféns que haviam sido sequestrados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 274 palestinos, incluindo 64 crianças, foram mortos na operação israelense, e cerca de 700 ficaram feridos. Esses números ainda não foram confirmados de forma independente.

Possíveis Crimes de Guerra

O escritório de direitos humanos da ONU declarou na terça-feira que as mortes de civis em Gaza durante esta operação poderiam constituir crimes de guerra. “Centenas de palestinos, muitos deles civis, foram supostamente mortos e feridos”, disse Jeremy Laurence, porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU. Ele acrescentou que a prática de manter reféns em áreas densamente povoadas coloca em risco não apenas os reféns, mas também os civis palestinos.

De acordo com a Reuters, Sami Abu Zuhri, um alto funcionário do Hamas, confirmou a aceitação da resolução de cessar-fogo e a disposição do grupo para negociar os detalhes. Zuhri enfatizou que cabe a Washington garantir que Israel cumpra o acordo. “A administração dos EUA enfrenta um verdadeiro teste para cumprir seus compromissos de obrigar a ocupação a encerrar imediatamente a guerra, em conformidade com a resolução do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou ele.

Reações e Expectativas

A aprovação da resolução de cessar-fogo foi bem recebida por ONGs envolvidas em esforços humanitários em Gaza. Sally Abi Khalil, diretora regional da Oxfam para o Oriente Médio, considerou a resolução “um passo promissor e há muito esperado”. Ela destacou a necessidade de um cessar-fogo completo e imediato, a libertação de reféns e detidos ilegalmente, e a chegada urgente de ajuda humanitária a Gaza.

A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que o Hamas deve perceber que a comunidade internacional está “unida por um acordo que salvará vidas e ajudará os civis palestinos em Gaza a começar a reconstruir e se curar”.