Em um cenário de tensão crescente no Sul do Mar da China, a República Popular da China emerge como uma força consolidada, empreendendo movimentos estratégicos e suscitando preocupações geopolíticas globais. Desde 2014, a China vem transformando recifes e corais em ilhas militares fortificadas, expandindo seu território em mais de 3.000 acres, região onde cinco nações — Filipinas, Vietnã, Brunei, Malásia e Indonésia — têm interesses diretos. Essa disputa territorial não só afeta a estabilidade regional, como também pode impactar o comércio global e a segurança energética, dada a riqueza de recursos naturais e sua importância como rota logística marítima.
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A complexidade geopolítica do Mar do Sul da China se intensifica pela importância estratégica dessas águas, que movimentam um terço do comércio marítimo mundial, somando mais de 3 trilhões de dólares em mercadorias por ano. Sob a superfície, a região pode guardar até 11 bilhões de barris de petróleo e 190 trilhões de pés cúbicos de gás natural. Para a China e outras nações asiáticas, o controle dessas riquezas naturais é fundamental para garantir o futuro energético.
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982, cada país possui controle soberano até 12 milhas náuticas de sua costa, com uma zona econômica exclusiva de 200 milhas náuticas. Apesar de ter assinado este acordo, a China utiliza a controversa linha de nove traços para justificar suas reivindicações no Mar do Sul da China. Em 2016, um tribunal internacional invalidou esta linha, favorecendo as Filipinas. No entanto, a China desconsiderou a decisão, prosseguindo com a militarização das ilhas Spratly e Paracel.
A construção de ilhas artificiais, apesar de desafiadora, é um testemunho do esforço chinês para solidificar sua presença na região. Usando dragas, o país criou cerca de 3.200 acres de novas terras, transformando antigos recifes em bases militares fortificadas, incluindo pistas de pouso e instalações de radar. Tais desenvolvimentos tornam-se evidentes em imagens de satélite que revelam a transformação contínua dos recifes antigos em complexos que abrigam abrigos de mísseis e outros equipamentos militares.
O impacto ambiental das dragagens e construções é igualmente significativo. As atividades militares e de construção em larga escala resultam na morte de corais e deterioração dos ecossistemas marinhos, levantando preocupações ecológicas. Engenheiros chineses têm adotado medidas para estabilizar essas ilhas artificiais, combatendo fenômenos naturais que ameaçam sua integridade.
A estratégia de “táticas de zona cinzenta” da China, incluindo o uso de sua milícia marítima — conhecida como “pequenos homens azuis” — representa um desafio para os países vizinhos. Esses barcos pesqueiros, apoiados pelo Estado, desempenham um papel fundamental na imposição da presença chinesa, bloqueando e intimidando embarcações estrangeiras sob o pretexto de pescar na região.
A resposta internacional a essas movimentações chinesas não tardou a chegar. As Filipinas, lideradas por Ferdinand Marcos Jr., têm tomado uma posição mais assertiva, fortalecendo alianças com os Estados Unidos, Japão e Austrália. Essas nações promovem patrulhas conjuntas e realizam exercícios militares na região para rebater a crescente influência chinesa e assegurar a liberdade de navegação.
O Vietnã, por sua vez, fortalece suas capacidades defensivas, incluindo a instalação de foguetes móveis direcionados contra as ilhas artificiais chinesas, em um esforço de preparação diante de possíveis confrontos diretos. Embora certos países como Malásia e Brunei adotem uma abordagem mais discreta, o consenso regional e global é evidente: um Mar do Sul da China dominado unilateralmente por Pequim ameaça a ordem estabelecida e a paz mundial.
Os Estados Unidos, principais adversários geopolíticos da China, reforçam sua presença militar na região como forma de dissuasão, enfatizando o compromisso com a liberdade de navegação. A Aliança com potências globais e regionais destaca a seriedade com que essas evoluções são observadas em um cenário estratégico global.
À medida que a situação evolui, o Mar do Sul da China persiste como ponto crítico de potencial conflito internacional, onde qualquer movimento em falso pode ter repercussões drásticas. Enquanto a China continua testando os limites e a paciência de seus vizinhos e de outras potências, o mundo permanece em estado de alerta diante dos desenvolvimentos vindouros.