Novo chanceler alemão anuncia pacote de 5 bilhões de euros para capacitar indústria de defesa ucraniana
A Alemanha surpreendeu o Kremlin em maio de 2025 ao anunciar uma mudança radical em sua estratégia de apoio à Ucrânia. Em vez de fornecer armas alemãs com restrições de uso, o país decidiu financiar a produção de sistemas de mísseis ucranianos sem limitações de alcance – uma jogada que pode transformar o rumo da guerra.
A decisão foi anunciada pelo novo chanceler alemão, Friedrich Merz, durante visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a Berlim no dia 28 de maio. O pacote prevê 5 bilhões de euros em ajuda militar, elevando a assistência total alemã para aproximadamente 28 bilhões de euros desde o início da invasão russa.
Mudança de liderança e estratégia
A transformação na política alemã reflete a diferença entre dois perfis de liderança completamente opostos. O antigo chanceler Olaf Scholz era conhecido pela extrema cautela, levando meses para aprovar qualquer decisão sobre ajuda militar. Cada míssil, tanque ou sistema de defesa passava por debates intermináveis, sempre com medo de provocar escalada com a Rússia.
Merz, que assumiu o cargo em maio de 2025, adotou postura muito mais assertiva. Em questão de semanas, posicionou-se como figura determinada no apoio ucraniano, prometendo reforçar imediatamente a assistência militar ao país.
Confira nossa análise em vídeo:
Estratégia inovadora: ensinar a pescar
A nova abordagem alemã resolve um impasse político que durava anos. Enquanto aliados pressionavam a Alemanha para entregar seus sofisticados mísseis Taurus (com alcance de mais de 500 km), Scholz sempre recusou por temer as consequências. Merz encontrou solução mais inteligente: em vez de dar mísseis alemães, ensinar a Ucrânia a produzir os seus próprios.
A diferença é fundamental: mísseis produzidos pela Ucrânia com financiamento alemão não teriam restrições de alcance, permitindo ataques contra alvos militares fora do território ucraniano. Enquanto armas ocidentais vêm com limitações de emprego, as produzidas internamente podem atingir qualquer alvo que os ucranianos considerem necessário.
Arsenal ucraniano em expansão
A produção de defesa ucraniana já vinha crescendo exponencialmente. Em 2024, o país produziu oito vezes mais mísseis de cruzeiro que em 2023, desenvolvendo 324 novos tipos de armas em um único ano.
Os mísseis ucranianos impressionam pela sofisticação e nomenclatura:
Peklo (“inferno” em ucraniano): Alcance de 700 km e velocidade de 700 km/h, praticamente um míssil de cruzeiro.
Palianytsia (nome de pão tradicional ucraniano): Atinge entre 600 e 750 km, utiliza orientação por satélite e é resistente a interferências eletrônicas.
Liutyi (“feroz”): O mais impressionante, com alcance entre 1.000 e 2.000 km, utiliza inteligência artificial para orientação e já foi usado contra refinarias russas.
BARS: Alcance entre 700 e 800 km para ataques de médio alcance.
Flamingo: Drone interceptor com alcance menor, mas que economiza mísseis de defesa aérea mais caros.
Alguns desses mísseis ucranianos têm maior alcance que os primeiros ATACMS americanos fornecidos pelos Estados Unidos.
Reação russa nervosa
A resposta do Kremlin foi imediata e revelou preocupação. O porta-voz russo classificou o levantamento das restrições de alcance como “mudança de política bastante perigosa que prejudicará esforços para alcançar acordo de paz”. O ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov afirmou que a parceria germano-ucraniana “intensificaria tensões” e que a Alemanha