Setembro de 2022, na cidade de Balakliia, Ucrânia. Os russos estavam lá há meses, achando que ninguém os tiraria. Tinham transformado casas em fortalezas, se sentindo seguros. Mas, em poucos dias, tudo mudou. Uma operação militar rápida como um raio varreu as defesas russas. Eles avançaram dezenas de quilômetros tão rápido que os generais russos ficaram desesperados.

Quem estava na frente dessa ação que mudou a guerra? Pessoas comuns! Ex-seguranças de boate, torcedores de futebol e pedreiros que nunca tinham visto uma guerra na vida. E o resultado? Recuperaram um pedaço de terra enorme, maior que muitas cidades brasileiras, libertaram 15 cidades e fizeram a linha de frente russa desmoronar. Os russos não só perderam o território, como fugiram em pânico, largando tudo para trás: armas, munição e até tanques. Naquele setembro, o mundo conheceu o Regimento Kraken, a tropa que virou o pesadelo de Putin.

Confira nossa análise em vídeo:


Quem são esses caras? Como surgiu o Kraken?

Muita gente se pergunta: como ex-seguranças de boate e motoristas de táxi conseguiram fazer o que exércitos mais poderosos não fizeram? A história é incrível, parece filme, mas é de verdade.

Para entender o Kraken, precisamos voltar para o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022. Putin invadiu a Ucrânia. Tanques russos entraram por todos os lados e mísseis caíram nas cidades. O plano era tomar a capital, Kiev, em três dias.

Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, era um alvo fácil para Putin, já que fica pertinho da fronteira russa.

Mas enquanto a maioria das pessoas fugia da cidade em pânico, um grupo pequeno fazia o contrário. Eles se preparavam para ficar. Para lutar.

Kostiantyn Nemichev, um jovem que já tinha experiência em guerra, junto com outros veteranos como Serhii “Chili” Velychko, sentia que a guerra ia chegar. Então, fizeram algo de cinema: semanas antes da invasão, começaram a esconder armas pela cidade. Fuzis, granadas, foguetes, mísseis. Criaram um estoque secreto de armas espalhadas por Kharkiv.

Quando as primeiras bombas caíram e os tanques russos apareceram, esses veteranos não fugiram. Eles saíram pelas ruas distribuindo as armas para qualquer um que quisesse defender a cidade.

Tinha de tudo: veteranos de guerra, sim, mas a maioria era gente comum. Seguranças de boate que conheciam cada canto da cidade. Torcedores de futebol acostumados a brigas. Pedreiros com mãos calejadas. Até gente que só ia à academia, mas nunca tinha visto uma briga de verdade.

Homens de 25 a 60 anos largaram suas vidas normais, pegaram em armas e se juntaram ao que viria a ser o Regimento Kraken. O nome veio depois, inspirado no monstro lendário do mar, para combinar com outro grupo famoso, o Batalhão Azov. A razão para lutar era simples e forte: defender a sua casa.


A Batalha que Mudou Tudo: O Kraken Contra as Forças Especiais Russas

Para entender como o Kraken virou lenda, você precisa conhecer essa batalha que aconteceu três dias depois da invasão.

Naquele dia, um grupo de forças especiais russas – os famosos Spetsnaz – se escondeu em uma escola em Kharkiv. Esses não eram soldados comuns. Os Spetsnaz são treinados desde jovens para missões muito difíceis. Eles são especialistas em luta na cidade, sabotagem, e são muito bons de briga. Tinham equipamentos de primeira e muita experiência. Eles se sentiam seguros na escola, achando que estavam enfrentando “apenas” voluntários ucranianos. Amadores.

Mas quem estava do outro lado? Uma unidade que tinha sido criada há três dias, com gente que antes disso tinha vidas completamente diferentes.

Se você tivesse que apostar, em quem apostaria? Forças especiais profissionais com décadas de experiência ou ex-seguranças de boate com poucos dias de “treinamento”?

O que aconteceu depois ninguém esperava. Os voluntários do Kraken não atacaram de frente. Eles usaram a cabeça. Conheciam cada rua, cada beco, cada entrada da escola – afinal, era a cidade deles. Enquanto alguns Spetsnaz vigiavam as entradas principais, os ucranianos apareceram por onde ninguém esperava.

A batalha foi rápida e violenta. Quando a poeira baixou, todos os Spetsnaz estavam mortos. E o melhor de tudo? Os “amadores” ucranianos saíram de lá não só vivos, mas com um presente especial: um veículo blindado russo Tigr, novinho em folha, cheio de munição e equipamentos.

Imagine a cena: pessoas comuns dirigindo um veículo militar russo pelas ruas de Kharkiv, buzinando para os vizinhos. Era inacreditável, mas era real.

Naquele momento, algo importante mudou. A confiança russa – aquela arrogância de quem achava que ia conquistar a Ucrânia em dias – começou a desaparecer. E do lado ucraniano, nascia algo que nem eles mesmos entendiam ainda: a lenda do Regimento Kraken.


Como uma Milícia de Bairro Virou uma Tropa de Elite

A história fica ainda mais interessante, porque o que aconteceu depois desafia qualquer lógica militar. Em poucos meses, essa milícia de seguranças de boate e pedreiros cresceu de algumas dezenas para 1.800 combatentes. Mas não foi um crescimento qualquer.

O Kraken foi aceito de forma oficial pela agência de inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia. Isso é muito importante! Significa que eles passaram a ter acesso a informações secretas que a maioria dos soldados não tem. Eles fazem missões que nem existem “no papel” e, se algo der errado, o governo pode até negar que aconteceu.

Eles também se tornaram muito exigentes. Hoje, para entrar no Kraken, não basta ter coragem. Os candidatos fazem testes psicológicos, passam no detector de mentiras (sim, o polígrafo mesmo!) e um treinamento de 14 dias que é super difícil. Só 30% dos candidatos conseguem passar. Pense nisso: uma unidade que começou aceitando qualquer um, agora é mais difícil de entrar do que muitas tropas especiais do mundo.

Além disso, eles se organizaram como um exército moderno. Não são mais só um grupo de amigos com armas. Eles têm:

  • Grupos de ataque especializados, que fazem as missões mais perigosas.
  • Uma parte com tanques e veículos blindados que eles mesmos pegaram dos russos.
  • Uma unidade de artilharia com mísseis e foguetes.
  • Uma equipe inteira só para drones – desde os que olham o inimigo até os que atacam.
  • Grupos de atiradores de elite, alguns dos melhores da guerra.
  • Um departamento de engenharia para explosivos e armadilhas.
  • E ainda o “Departamento J9”, que cuida de ajudar a população e fazer a guerra de informações. Ou seja: eles lutam, mas também trabalham com as pessoas e usam a comunicação a seu favor.

Por Que o Kraken Deixa Putin Apavorado?

O que o Kraken faz de tão especial que deixou Putin com tanto medo?

Vamos começar com uma história que parece mentira, mas é real. No inverno de 2022, perto da cidade de Soledar, o Grupo Wagner, mercenários de Putin, estava avançando. Eram 50 mercenários do Wagner, com muita experiência em guerras. Do outro lado: um atirador de elite do Kraken, sozinho, usando uma metralhadora que ele mesmo pegou dos russos.

Em uma única noite. Uma única batalha. O resultado? 50 mercenários mortos. Isso mesmo que você ouviu. Um homem sozinho eliminou 50 mercenários em algumas horas. Pode parecer demais, mas os próprios ucranianos ficaram chocados.

Mas isso não é nada perto do que veio depois… o Kraken fez algo que entrou para a história militar mundial.

Em junho de 2023, pela primeira vez desde o início da guerra, sistemas de defesa aérea russos foram atacados e destruídos dentro do território russo, em Belgorod. Quatro lançadores “S-300” – aqueles mísseis gigantes que bombardeavam civis ucranianos todos os dias – simplesmente sumiram do mapa.

E como isso aconteceu? O Regimento Kraken combinou um ataque usando foguetes americanos HIMARS com informações que eles mesmos conseguiram infiltrando gente em território russo. Eles descobriram os lugares exatos, calcularam a troca de guardas, estudaram os movimentos e guiaram os mísseis americanos até o alvo.

Pense bem: nem o exército americano, com toda a sua tecnologia e anos de experiência, tinha conseguido atacar sistemas de defesa aérea russos em seu próprio país. Mas ex-seguranças de boate de Kharkiv conseguiram.

O impacto foi enorme. Aqueles mísseis “S-300” matavam civis ucranianos todos os dias. Com eles destruídos, muitas vidas foram salvas. Mas o medo que isso causou foi ainda maior: pela primeira vez, a Rússia percebeu que nem mesmo o seu próprio território estava seguro.

E as histórias continuam. Em dezembro de 2024, uma operação que parece filme de ação. Na região de Zaporizhzhia, ocupada pelos russos, Sergei Melnikov, um comandante russo, estava se movendo com seu motorista.

De repente, um drone voador aparece. Pouco tempo depois, uma explosão enorme foi ouvida a quilômetros. Melnikov e o motorista morreram na hora. Uma ação perfeita, sem machucar civis.

Melnikov era um comandante importante, responsável por treinar novos batalhões. A morte dele atrapalhou completamente os planos russos para um ataque que estava sendo preparado.


A Mentira Russa e a Realidade do Kraken

Agora vem a parte mais reveladora dessa história, que mostra o medo que o Regimento Kraken causa na Rússia.

A propaganda russa é obcecada por essa unidade. Eles já anunciaram a “destruição completa” do Regimento Kraken mais de 20 vezes desde o começo da guerra. Toda semana tem uma notícia nos canais de TV russos dizendo: “Comandantes do Kraken eliminados” ou “Regimento Kraken aniquilado em bombardeio”.

Mas o mais engraçado é que, toda vez – TODA VEZ – poucas horas depois desses anúncios, os próprios “mortos” aparecem vivos nas redes sociais, postando fotos, fazendo piadas, zombando diretamente dos russos.

Nemichev, o comandante do Kraken, já “morreu” pelo menos cinco vezes segundo a TV russa. Chili Velychko, o outro líder, já foi “preso” três vezes. E toda vez eles aparecem no Instagram fazendo selfies, vivos e rindo da propaganda russa.

Mas… por que Putin precisa tanto mentir que destruiu uma unidade de 1.800 homens em um exército de centenas de milhares?

A resposta é mais profunda do que parece. O Kraken representa tudo que a Rússia não consegue explicar. Como cidadãos comuns podem vencer tropas profissionais? Como “amadores” fazem o que generais com décadas de experiência não conseguem? Como uma unidade formada por gente que não era militar consegue atacar a Rússia, quando nem mesmo a OTAN (a aliança militar poderosa) fez isso?

Para a propaganda russa, o Kraken não pode existir. Porque se ele existe, significa que toda a história de que o exército russo é o melhor é uma mentira. Significa que a “operação especial” está sendo derrotada por pessoas comuns que só se recusam a aceitar a invasão.

Então eles mentem. Inventam vitórias. Criam mortes que não aconteceram. Mas a realidade insiste em aparecer: o Kraken não só existe, como está mais forte do que nunca.


O Reconhecimento e o Futuro do Kraken

Hoje, três anos depois de começar como um grupo improvisado, o Regimento Kraken não é mais um segredo. Eles se tornaram uma parte oficial e importante da defesa ucraniana.

O presidente Volodymyr Zelensky já os elogiou várias vezes em seus discursos. Em outubro de 2023, ele agradeceu especificamente ao “grupo especial Kraken da inteligência de defesa” pelas “tarefas difíceis” que fizeram e pelos “resultados importantes” que conseguiram.

Zelensky falou dos feitos do Kraken em Kharkiv, em Soledar, perto de Bakhmut e em outras operações de defesa. Ele destacou não só a coragem, mas a capacidade técnica da unidade.

Kyrylo Budanov, o chefe da inteligência militar da Ucrânia, foi ainda mais direto. Em um documentário sobre o primeiro ano de guerra, ele disse que o Kraken é “uma das unidades mais capazes de combate” de todo o país. Vindo do chefe da inteligência, isso não é um elogio qualquer – é um reconhecimento de profissional.

Em Kharkiv, a cidade que eles salvaram, uma rua foi oficialmente batizada em homenagem ao Regimento Kraken. É uma honra que raramente é dada a grupos militares, ainda mais tão novos.

Mas talvez o reconhecimento mais importante venha dos próprios soldados russos. Em conversas de rádio interceptadas, dá para ouvir soldados apavorados achando que “os Kraken” estão infiltrados atrás deles. O nome virou sinônimo de perigo, de ataque surpresa, de morte que vem do nada.

Hoje, especialistas militares de outros países já comparam o Kraken com unidades famosas como o SAS britânico. Mas aqui tem uma diferença importante: o SAS levou décadas para construir sua fama. O Kraken fez isso em três anos, no meio de uma guerra de verdade, contra um inimigo que, em teoria, era muito mais forte.

Eles provaram que a vontade de lutar pode ser mais forte que o treinamento. Que conhecer o seu próprio território vale mais que ter equipamentos caros. Que lutar pela sua casa dá uma força que nenhum livro militar pode ensinar.

O nome Kraken veio de uma lenda sobre um monstro marinho que destruía navios gigantes. E Putin… bem… ele descobriu da pior forma possível que algumas lendas… podem se tornar reais.

Gostou de conhecer a história do Kraken? Deixe seu comentário e nos diga o que achou! Assim a gente sabe que você gostou e continua trazendo mais histórias assim. E aproveite para se inscrever no canal, para não perder os próximos vídeos.